Ratos di VERSOS (Beco do RATO)
saindo da toca
revira cena, diversos,
seja puro ou obsceno
os RATOS entre as garrafas
passeiam por entre os becos; as putas e travestis
sai do asfalto o cântico suado da palavra que se esvai
pela Lapa respirando dos tempos
a caligrafia enevoada e transpirando
versos que são misturados nos copos...
reversos reve reservas
escorre entre trevas e luz negra da lua
que lunecendo grande alumeia a praia;
luz balão que cíntila, tintila em cima leve... sem machucar
e de copo em copo, de verso em verso
todos no beco, prosam seus poemas inversos
diversos com alegria
diversos com emoção
diversos com o coração.
diversas com o coração e com o pensamento
em cada instante, em cada momento
em outro lugar é só um lugar
mais aqui no BECO DO RATO é diferente
aqui quem cem anos bebeu 100 anos viveu.
viveu a arte da vida com emoção
viveu longe da imagem da televisão
viveu longe da cama, da comoção
viveu como um louco motiva na estação
viveu poeta, saiu da reta feliz;
mesmo sabendo que não está tudo bem e
apesar dos mil bobocas e do último tiroteio na linha vermelha
viva, viva... seguindo a vida!
não olhe torto para as pernas
não dance um samba, não perca o sono
refresque seus temores numa brahma
orquestra filarmônica do caos, cruze as ruas e abra os braços
não te enrugue couro velho, que te quero pra tambor
RATOS, só RATOS
nos BECOS e na poesia
a poesia está no lixo
e no luxo
existe interpretação?